«Llamo teatro estático a aquel cuyo enredo dramático no constituye acción –esto es, donde las figuras no sólo no actúan, porque ni se desplazan ni dialogan sobre desplazarse, sino que carecen incluso de sentidos capaces de producir una acción; donde no hay conflicto ni perfecto enredo–. Se diría que esto no es teatro. Creo que lo es porque creo que el teatro tiende al teatro meramente lírico y que el enredo del teatro está, no en la acción ni en la progresión y las consecuencias de la acción, sino, de manera más abarcadora, en la revelación de las almas a través de las palabras intercambiadas y en la creación de situaciones (...)–. Puede haber revelación de almas sin acción, y puede haber creación de situaciones de inercia, momentos de alma sin ventanas o puertas hacia la realidad.»
Original portugués del fragmento:
Chamo teatro estático àquele cujo enredo dramático não constitui acção — isto é, onde as figuras não só não agem, porque nem se deslocam nem dialogam sobre deslocarem-se, mas nem sequer têm sentidos capazes de produzir uma acção; onde não há conflito nem perfeito enredo. Dir-se-á que isto não é teatro. Creio que o é porque creio que o teatro tende a teatro meramente lírico e que o enredo do teatro é, não a acção nem a progressão e consequência da acção — mas, mais abrangentemente, a revelação das almas através das palavras trocadas e a criação de situações (...) Pode haver revelação de almas sem acção, e pode haver criação de situações de inércia, momentos de alma sem janelas ou portas para a realidade.
1914?
Páginas de Estética e de Teoria Literárias. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966. - 113. (Disponible en arquivopessoa.net)